Racismo no trabalho: como você trata desse assunto?

Todos sabemos que um ambiente de trabalho harmonioso é essencial. As pessoas trabalham mais leves, tranquilas, motivadas, e costumam desempenhar suas funções com mais prazer. Mas, o espaço corporativo é composto por funcionários que, na maioria das vezes, têm ideias, vivências e aprendizados variados. Isso envolve também as diferenças sobre a orientação sexual, distinções religiosas, ideológicas, sociais, culturais e, é claro, raciais. O que é ótimo, pois a diversidade é parte da nossa realidade, não é mesmo?

Acontece que, diante de tantas distinções, talvez nem todos saibam lidar com elas. E é aí que mora o perigo! Infelizmente, nós sabemos que existe intolerância de todos os tipos. Por isso, hoje falaremos sobre um tema um tanto delicado, mas que merece muita atenção: o racismo no trabalho. 

Nós dissemos que era um assunto delicado, mas é igualmente indispensável. E, apenas para constar: adoraríamos não precisar falar sobre isso. 

Rapaz negro triste e pessoas atrás dele fofocando.

Como a empresa deve intervir contra o racismo no trabalho? 

Primeiro, precisamos dizer: todos, independentemente de quem (ou como for), merecem respeito. As intolerâncias, sejam elas quais forem, não podem ser aceitas. E isso vale para qualquer contexto, assim como o espaço de convívio profissional.  

Essa máxima também é válida para qualquer que seja o nível hierárquico de quem comete uma atitude reprovável. Não tem como fazer vistas grossas e fingir que nada aconteceu se o comentário preconceituoso partir de um líder ou até mesmo do dono da empresa. E por mais absurdo que pareça, saiba que sim, isso ainda é bem frequente.

Um ato racista, muitas vezes, vem disfarçado e nem sempre é algo explícito. Quer ver só?   

Se você for um gestor ou profissional de RH, intimamente, sem mentir, responda a si mesmo: alguma vez já deixou de contratar alguém por conta do seu “black power”? Alguma vez já deixou o candidato perfeito escapar, por não ter o “perfil” que a empresa buscava? Já teve pensamentos quaisquer que julgasse a aparência de alguém? 

Se sim, houve, mesmo que de forma involuntária, uma atitude discriminatória. Um pensamento, um comentário, uma brincadeira. Se ferir de alguma maneira a dignidade de alguém, é sinal de que há algo de errado. Em algumas situações, esse preconceito racial pode vir dissimulado até mesmo de elogio. 

Quando alguém diz a uma mulher negra: “Apesar de você ser negra, tem os traços finos!” Ou “Mas que sorte a sua ter nascido de cabelo liso!” Aos olhos de quem profere essas afirmações, pode ser um elogio. Para quem as recebe, não. É um negacionismo quanto ao fato de uma mulher ou um homem negro poderem, de fato, serem tidos como “bonitos” na totalidade de sua negritude, com seus cabelos enrolados, com seus traços marcantes, com sua naturalidade. Entende? 

Se você se cala diante de uma atitude racista, está fazendo o mesmo! 

É errado, também, quando alguém percebe racismo no trabalho, por exemplo, e não intervém. É o mesmo que ser conivente com a situação. Portanto, não reprimir e não se posicionar contra uma atitude nesse sentido, faz de você tão preconceituoso quanto quem proferiu um comentário, fez uma brincadeira de mal gosto ou cometeu uma atitude criminosa. Apenas para lembrar: racismo é crime inafiançável! 

Homem branco discutindo com homem negro.

Mas, existem maneiras de evitar que esse tipo de situação ocorra. E, por conta disso, separamos algumas medidas que podem ser adotadas para que as empresas abordem a questão do racismo no trabalho. 

1. Avalie a empresa como um todo 

A primeira dica para lidar com o preconceito na empresa, deveria ser a que deixamos para a segunda opção (que logo você verá abaixo), entretanto, existe um ponto que, muitas vezes, não é avaliado.

 A empresa promove mesmo a igualdade racial? 

Então, antes mesmo de pensar em avaliar as outras medidas que nós trouxemos, como forma de combate ao racismo no trabalho, avalie a organização empresarial como um todo:

  • Existe equilíbrio entre negros e brancos no quadro de funcionários?
  • Quantos profissionais negros ocupam cargos de liderança?
  • Como os materiais da empresa tratam com representatividade? Há imagens de pessoas negras?
  • Os salários entre os funcionário são iguais entre negros e brancos?

É preciso olhar para isso, pois assim como as mais diversas formas de preconceito, existe também o que costuma ser conhecido como racismo institucional. Esse termo se refere a qualquer situação de desigualdade por conta da raça ocorrida dentro das corporações empresariais. Por isso é importante analisar se de alguma forma a empresa não está promovendo diferença racial em suas condutas. 

2. Incentive o respeito às diferenças

Depois de ter a certeza de que a corporação, mesmo de forma involuntária, não está cometendo nenhuma forma de racismo no trabalho, é hora de começar a incentivar o respeito às diferenças. Não adianta nada se dizer antirracista e defender essa causa, se a empresa não faz nada a respeito do assunto. Promova campanhas, dinâmicas integrativas, palestras e informativos sobre a importância de respeitar a maneira de ser, pensar e agir de cada um.  

Essa conscientização sobre a diversidade no ambiente corporativo é fundamental. Coloque o assunto em pauta e estimule a reflexão sobre o tema. Assim, ao menos a empresa terá a certeza de estar fazendo a sua parte ao explorar um assunto tão relevante quanto o racismo no trabalho. 

3. Não aceite as intolerâncias 

Mais acima nós lembramos que racismo é crime. Mas antes de ser um crime é desumano, desrespeitoso e demonstra o lado mais obscuro do ser humano: a sua capacidade de julgar pelas aparências. Se você perceber algum comentário que remete ao racismo no trabalho, não aceite. 

Não deixe passar ileso um comentário, uma brincadeira ou atitude, por menor que seja. Seus colaboradores precisam estar cientes de que a instituição a qual pertencem não compactua com esse tipo de conduta. Mas, não cabe a você julgar a gravidade do ato cometido. Somente quem passa por uma situação de discriminação é capaz de mensurar o estrago emocional que esse tipo de atrocidade representa. E, além disso, existem órgãos responsáveis para lidar com o crime racial. 

Você não precisa, de forma alguma, expor a vítima nem mesmo quem cometeu o racismo. Seu papel é evitar que esse tipo de situação ocorra dentro da empresa. E depois de ocorrido, não tem muito mais o que fazer, a não ser investigar os fatos e punir quem cometeu tais atitudes por meio de advertências, suspensões ou até mesmo demissão por justa causa em casos de reincidência. 

Além disso, também deve-se comunicar os órgãos competentes sobre o crime cometido na empresa. E claro, nós sabemos que um gestor não é mágico, por isso é difícil estar em todos os setores e cantos da corporação o tempo todo. Portanto, crie um canal de denúncias anônimas para que os colaboradores também possam denunciar as intolerâncias presenciadas. Isso automaticamente já serve para inibir atos de racismo no trabalho. 

Seja firme em seu posicionamento 

Seja firme! Não dê brechas para que o racismo no trabalho ou as diferentes formas de preconceito sejam aceitas. Esse tipo de coisa gera um impacto emocional tão grande em quem é vitima, que você nem imagina. Então, por mais que parta até mesmo de um superior seu, não finja que nada aconteceu e não aceite como algo normal. 

Mãos cruzadas, simbolizando igualdade.

De tanto naturalizar ou justificar que o racismo é algo “impregnado” na cultura e por conta disso demora para ser modificado é que as coisas estão como estão. 

E se você, que está aí atrás da tela lendo esse conteúdo, já tiver sido vítima de racismo no trabalho NÃO SE CALE! Procure alguém com quem  possa falar sobre isso, exponha o ocorrido e juntos encontrem uma maneira de resolver a situação. Mas, se ao pedir ajuda fizeram pouco caso, não se esqueça do que dissemos: uma pessoa que faz vistas grossas para atitudes discriminatórias, é tão cruel quanto quem, de fato, cometeu tal ação. 

Para encontrar canais de denúncias oficiais e ler mais sobre o assunto, indicamos acessar a cartilha “Racismo é crime. Denuncie”, disponibilizada pelo Governo Federal. Além de informações importantes, você encontra os contatos dos órgãos responsáveis pelo assunto nos diferentes estados brasileiros. 

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