Você sabia que existem muitas maneiras de recompensar um funcionário pela sua contribuição? O salário e a remuneração são duas dessas maneiras. Ainda assim, a semelhança dos termos pode ser motivo de confusão para os profissionais que atuam nas áreas financeira e de recursos humanos. Por isso, este artigo vai lhe dizer exatamente qual é a diferença entre salário x remuneração.
Fique atento, pois as informações a seguir podem ser muito úteis na administração da folha de pagamento ou para enfrentar possíveis reclamações trabalhistas. Boa leitura!
Salário x remuneração: entenda a diferença entre os conceitos
Costumam ser usados como conceitos sinônimos, mas a verdade é que quando falamos de salário x remuneração numa empresa, estamos tratando de realidades um tanto diferentes. O salário tem caráter estritamente financeiro, sendo o valor monetário que um empregado recebe regularmente pelo seu trabalho.
A remuneração, por outro lado, contempla muito mais nuances, uma vez que é possível usá-la para se referir a compensações financeiras recorrentes, como gorjetas e bonificações. Também pode ser utilizada para abranger qualquer tipo de contraprestação recebida pelo trabalhador, como benefícios trabalhistas ou a preocupação da empresa com seu bem-estar. Seria o caso, por exemplo, do salário emocional.
Você sabe o que é o salário emocional? Descubra 5 motivos para melhorar o bem-estar da força de trabalho.
Quando falamos de salário x remuneração, os conceitos podem ser classificados de diferentes formas. Prossiga com a leitura para entender melhor a diferença entre eles.
No que consiste o salário?
Todas as empresas são obrigadas a pagar um salário a seus funcionários pelos serviços e atividades de trabalho prestados. Esse valor depende de múltiplos fatores, desde o preço do salário médio profissional, até o nível que o funcionário ocupa na organização e sua experiência de trabalho. No entanto, no Brasil, um funcionário com contrato de tempo integral não pode receber menos que o salário-mínimo. Abaixo, veja os tipos de salários existentes:
Salário-base
O salário-base é a remuneração fixa paga a um trabalhador pelo tempo que ele dedica, seja em dias, semanas ou meses, à sua função profissional. Esse valor, pago em toda a folha de pagamento, é determinado mediante acordo coletivo ou contrato individual, e pode ser integrado por complementos salariais previamente acordados.
Piso salarial
Piso salarial é o valor mais baixo pago a um cargo, profissão ou categoria profissional. Em outras palavras, é o salário-mínimo estabelecido por lei ou, por uma faixa salarial acordada em convenções coletivas ou dissídios.
Salário-mínimo
O salário-mínimo tem sido definido como o menor valor que o empregador é obrigado a pagar aos seus empregados pelo trabalho que prestaram durante um determinado período. Esse valor não pode ser reduzido por força de acordo coletivo ou individual.
Salário bruto
O salário bruto é idêntico ao salário-base, que já abordamos acima. Ou seja, é o valor monetário absoluto que o trabalhador possui, sem ter sido retido por impostos ou contribuições.
Salário líquido
O salário líquido é o valor que o trabalhador recebe após a dedução dos impostos e retenções exigidas pelo Estado, como INSS, IRRF e vale-transporte, além de outros descontos salariais.
Salário variável
Outro tipo é o salário variável, em que o empregado é remunerado pela quantidade de trabalho que realiza, sem considerar o tempo que leva para realizá-lo.
O que compõe a remuneração?
Listamos quatro sistemas de remuneração em empresas que são válidos e reconhecidos no Brasil. Uma política de remuneração normalmente contempla todos eles e os combina conforme as necessidades ou objetivos.
Portanto, essas formas de remuneração são:
Remuneração funcional
Esse é um dos modelos mais utilizados pelas empresas e tem relação com o planejamento de carreira. Baseia-se em descrições e responsabilidades específicas de cargo e ocorre em todos os postos de trabalho existentes na organização.
Cargos de gestão e alta performance técnica exigem maior responsabilidade do trabalhador, portanto, com esse modelo de remuneração, é possível ter uma hierarquia e o equilíbrio entre os funcionários, devido à transparência e um sentimento de justiça.
Remuneração variável
Essa remuneração varia de acordo com aspectos determinados pela empresa ou gestor. Geralmente, está relacionada ao desempenho e à capacidade do trabalhador de alcançar resultados, traduzindo-se em maiores valores no final do mês.
A depender da qualidade dos resultados, esse valor pode ser maior ou menor. No entanto, o valor da remuneração não deve ser menor que o salário-mínimo vigente.
Remuneração indireta
A remuneração indireta refere-se às várias formas de remuneração não monetária oferecidas aos funcionários, que podem incluir desde características contratuais comuns, até benefícios úteis e atraentes, como auxílio-creche, auxílio-saúde, plano odontológico, etc. Esse é um ótimo jeito de satisfazer os funcionários e atrair talentos do mercado.
Remuneração por competência
A remuneração baseada em competências refere-se a uma estrutura salarial em que os funcionários são remunerados com base em seus conhecimentos, habilidades e proficiência, em vez de seu cargo ou posição. Um plano de remuneração baseado em competências motiva os indivíduos a melhorar suas aptidões e esforços para alcançar a taxa de remuneração que desejam.
O que a CLT diz sobre isso?
Segundo o art. 458 da Consolidação das Leis do Trabalho, o salário engloba o pagamento em dinheiro, “a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações ‘in natura’ que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado.”. O artigo também estabelece que é vedado o pagamento com bebidas alcoólicas e drogas nocivas.
Por outro lado, o art. 457 determina que a remuneração do empregado, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, é composta pelas gorjetas que receber, as gratificações legais e comissões. Com efeito, os adicionais decorrentes da prestação de serviços também entram no valor de remuneração, como horas extras, adicional noturno, insalubridade, periculosidade, dentre outros.
Sendo assim, podemos dizer que a palavra remuneração passou a significar a totalidade dos ganhos do trabalhador devido ao vínculo empregatício, pagos diretamente ou não pelo empregador. Já a palavra salário, para indicar os ganhos recebidos diretamente do empregador pela contraprestação do trabalho.
Também é importante saber que os valores considerados como remuneração e que são a base de cálculo do 13º salário, férias, rescisões, entre outras, são: gorjetas, horas extras, noturnas, jornada de trabalho insalubre, DSR, comissões, descontos e gratificações.
A nova redação do segundo parágrafo do art. 457, instituída por meio da Lei 13.467/2017, determinou que, ainda que habituais, as seguintes parcelas não integram a remuneração do:
- Diárias para viagem, ainda que excedam a 50% (cinquenta por cento) do salário recebido pelo empregado;
- Abonos habituais Salário in Natura – fornecimento habitual de qualquer vantagem concedida ao empregado (aluguel de casa, carros, escola de filhos, etc.);
- Prêmios (assiduidade, triênio, anuênio, biênios, quinquênios);
- Ajuda de custos (qualquer valor);
- Abonos.
Por que é importante oferecer benefícios além do salário?
Oferecer benefícios é uma solução fundamental para os recursos humanos, pois afeta muitos aspectos: a relação entre empregado e empregador, a retenção e atração de talentos, os resultados obtidos, o nível de comprometimento, etc.
- A principal fonte de renda de um trabalhador é o seu salário, razão pela qual é uma questão de grande importância para ele. Por isso, a empresa deve ser capaz de garantir condições suficientemente atrativas para atrair e reter talentos.
- O custo de contratação de um trabalhador é muito alto para a organização (considerando seu salário-base e impostos), então a folha de pagamento costuma ser um dos itens mais importantes no orçamento da organização.
- O bem-estar de um trabalhador está diretamente ligado à sua produtividade e motivação. Profissionais bem pagos oferecerão melhor desempenho. Portanto, podemos dizer que existe uma estreita relação entre o investimento em salários e os resultados obtidos pela empresa.
- O compromisso também está intimamente ligado à remuneração recebida pelo funcionário. É mais provável que ele permaneça na sua empresa e recuse ofertas potenciais da concorrência, se for pago de forma competitiva e tiver a oportunidade de crescer dentro da organização.
- Sabe-se também que um programa atrativo de remuneração e benefícios é uma arma muito poderosa para construir uma marca empregadora e atrair novos talentos para a empresa. Embora o salário seja importante, cada vez mais funcionários valorizam aspectos como bonificações, vale-creche, etc.
É por isso que é tão importante entender a diferença entre salário x remuneração, encontrar um sistema que permita a remuneração estratégica e criar um plano de compensação que seja justo e satisfatório para todos os envolvidos.
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